sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Caldeirada de peixe e frutos do mar

O verão chegou e com ele aquelas belas receitas de frutos do mar. Bom apetite a todos...



CALDEIRADA DE PEIXE E FRUTOS DO MAR


INGREDIENTES (4 porções)

100 g de mexilhões com as conchas
200 g de vôngoles com as conchas
4 vieiras com as conchas
4 ostras frescas
300 g de camarões graúdos
300 g de peixe tipo cherne (ou garoupa) limpo, cortado em pedaços
2 cavaquinhas limpas partidas ao meio
2 cebolas picadas
4 dentes de alho inteiros com a pele
75 ml de óleo de oliva
2 folhas de louro
2 batatas-doces descascadas, cortadas em fatias
600 ml de caldo de peixe
Folhas de manjericão picadas a gosto
Sal e pimenta-do-reino branca moída na hora a gosto

Decoração

Pimenta-vermelha
Talos de nirá
Ramos de tomilho

PREPARO

Lave bem os mexilhões, os vôngoles, as vieiras e coloque as conchas de molho em água fria com sal, por cerca de 2 horas. Lave as ostras e, com um abridor de ostras (ou com uma faca), abra as conchas.
Limpe os camarões. Limpe o peixe e corte-o em pedaços.
Limpe as cavaquinhas e corte-as ao meio. Em uma caçarola de fundo grosso, refogue a cebola e o alho no óleo de oliva. Junte as folhas de louro. Acrescente a batata-doce e deixe por alguns minutos no fogo, misturando delicadamente. Incorpore o peixe e deixe por mais alguns minutos, depois coloque as cavaquinhas, os mexilhões, os vôngoles, os camarões, as vieiras e em seguida o caldo de peixe quente. Ajuste o sal e a pimenta.
Cozinhe por cerca de 20 minutos. Três a dois minutos antes do término do cozimento, coloque as ostras.
Sirva no próprio recipiente, salpicando com manjericão e decorando com a pimenta, os talos de nirá e os ramos de tomilho.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

VINHO - Introdução ao estudo do vinho (3)


UVAS TINTAS

-Cabernet Sauvignon
Indiscutivelmente a rainha das uvas tintas, por sua alta qualidade e adaptabilidade tem sido cultivada em quase todas as regiões vinícolas do mundo. Desde o século XVIII é utilizada em Bordeaux, sempre mesclada com Cabernet Franc, Merlot e algumas vezes uma pitadade Petit Verdot. O modelo estabelecido por Bordeaux não se destina apenas à produção de vinhos complexos, mas se deve também à necessidade de garantir que diferentes variedades de uva amadureçam a intervalos diversos ou para dar cor, tanino ou corpo ao vinho.
No resto do mundo, ela é utilizada tanto sozinha como em composição com outras uvas.
Uva pequena, a proporção que apresenta entre polpa e semente é 1/12, em oposição a 1/25 da Sémillon. A semente da Cabernet Sauvignon é um elemento da maior importância para a presença abundante de taninos, enquanto a casca espessa e de cor intensa lhe confere uma coloração profunda, além de torná-la relativamente resistente ao apodrecimento.
O vinho Cabernet se dá muito bem com a madeira e normalmente passa de 15 a 30 meses em barris de carvalho franceses ou americanos, novos ou usados.
Quando produzida dentro de suas melhores condições, a Cabernet sem misturas produz vinhos intensos e de aromas bem pronunciados.
Aromas e sabores: quando jovem, groselhas negras, cassis e ameixas pretas. Mais adiante, carne de caça, couro, chocolate e azeitonas. Quando tratado em carvalho, irá revelar aromas de cedro, tabaco e minerais.
Aromas de hortelã e de eucalipto podem surgir em vinhos produzidos no Chile e na Austrália.
-Merlot
Foi a uva tinta de maior sucesso nos anos 90. Embora usada principalmente para corte nos grandes vinhos de Bordeaux, ela também faz carreira solo. Em St.-Émilion e Pomerol, em especial, produz vinhos notáveis, cujo exemplar mais famoso é o Château Petrus, feito quase exclusivamente com Merlot. No Novo Mundo, marca presença na Califórnia, no Chile e na Austrália.
A uva Merlot, em geral, produz vinhos menos ácidos e menos tânicos do que a Cabernet Sauvignon, mas, como ela, também se beneficia do tratamento em carvalho. Com um potencial de envelhecimento de moderado a bom, pode ficar mais suave com a idade, mas com freqüência os aromas de fruta decaem e os herbáceos dominam.
Aromas e sabores: frutas vermelhas escuras – amoras pretas e ameixas pretas. Para olfatos mais afiados, surgem também aromas de rosas e bolo de frutas. Quando tratado em tonéis de carvalho, o vinho apresenta uma textura mais rica e um agradável toque de chocolate.
-Pinot Noir
Considerada a grande uva da Borgonha, a Pinot Noir é uma variedade extremamente delicada, que sofre profundamente com as mudanças ambientais, como alternâncias de frio e calor, e é notoriamente complicada para trabalhar depois de colhida, já que sua casca se rompe facilmente, liberando o suco da fruta.
A ênfase recai tanto sobre a vantagem de plantá-la em climas frios como em fazer uma rigorosa seleção clonal, pois o plantio do clone errado em locais inadequados resultam em vinhos insípidos.
Mesmo depois da fermentação, o vinho feito com a Pinot Noir é de difícil avaliação fora do barril e, mesmo na garrafa, muitas vezes varia, apresentando-se fraco num dia e exuberante no outro.
Em geral, os vinhos Pinot Noir atingem a maturidade em 8 a 10 anos, declinando pouco tempo depois.
Além de ser a uva clássica da Borgonha, ela também tem seu papel na Champagne, onde é prensada imediatamente depois de colhida a fim de produzir suco branco. A Pinot Noir é praticamente a única tinta cultivada na Alsácia. Na Califórnia, os vinhos Pinot Noir se destacaram no fim dos anos 80 e início dos 90, e parecem ter possibilidade de progredir futuramente. Para melhorar substancialmente a qualidade, é preciso não vinificar a Pinot Noir como se fosse Cabernet, deve-se plantar os vinhedos em climas mais frios e não se esquecer de que a produção deve ser pequena e controlada.
Aromas e sabores: Quando jovem, frutas vermelhas (framboesas, morangos e cerejas). Na Borgonha, notas florais (violeta), enquanto na Califórnia e na Austrália, surge o café torrado (aromas "empireumáticos").
Maduro, principalmente na Borgonha, lembra caça, couro, alcaçuz, trufas negras, estábulo e o "sous-bois", misto de terra úmida, cogumelos e folhas em decomposição.
-Syrah (Shiraz)
Uva tinta majestosa, que envelhece até por meio século, é encontrada tanto nos vinhos das regiões de Hermitage e Côte-Rôtie e Crozes-Hermitage, na França (Syrah), como na produção do Penfolds Grange, na Austrália (Shiraz).
Crescendo bem em inúmeras áreas, produz vinhos complexos e distintos, escuros, podendo variar de relativamente tânicos a muito tânicos, alcoólicos e com aromas e sabores de especiarias.
No sul da França é usada em diversos cortes, como no Châteauneuf-du-Pape e Languedoc-Roussillon.
Na Austrália foi usada durante muito tempo para cortes triviais, mas houve um sensível aumento na produção de vinhos de alta qualidade, especialmente de antigas vinhas em Barossa Valley.
Nos Estados Unidos, a Syrah está vivendo um acréscimo de qualidade, o que lhe confere o apelo dos primeiros tempos da Pinot Noir e Zinfandel e algumas das excentricidades da Merlot, podendo também se mostrar mais fácil de ser cultivada e vinificada do que as outras tintas, à exceção da Cabernet Sauvignon.
Aromas e sabores: especiarias (pimenta-do-reino preta), frutas escuras maduras (framboesa negra, groselha negra, amora), alcaçuz, couro, caça e alcatrão, além dos "empireumáticos" (tostado e defumado). Além desses, são mencionados aromas de gengibre e chocolate, notas florais (violeta) e, em algumas regiões da Austrália, um toque discreto de hortelã.
-Grenache
Considerada a segunda uva mais extensamente cultivada no mundo, em diferentes colorações, a Grenache espalha-se pelo Sul da França (Rhône), sendo a principal uva que entra na composição do Châteauneuf-du-Pape e dos Côtes du Rhône. Sozinha, é responsável pelos rosés de Tavel e Lirac, e é também usada no vinho de sobremesa tinto Banyuls (compatibilização ideal com chocolate).
Na Espanha, onde seu cultivo é intenso, é conhecida como Garnacha Tinta, especialmente notável em Rioja e Priorato.
Na Austrália, é usada para a produção de vinhos baratos; mas, em Barossa Valley alguns produtores estão fazendo vinhos similares ao Châteauneuf-du-Pape.
Resistente ao calor e a aridez, a Grenache produz vinhos de corpo médio, frutados, com aromas de especiarias (pimenta), frutas vermelhas (framboesas) e ervas. No Châteauneuf-du-Pape, é normal a presença do aroma de óleo de linhaça.
Há também a Grenache Blanc, conhecida na Espanha como Garnacha Blanca, que é engarrafada no Sul do Rhône.
-Nebbiolo
Também conhecida como Spanna, Inferno e Grumello, é nativa do Piemonte e está praticamente confinada a essa região do Norte da Itália, onde é responsável pelos seus mais finos e longevos vinhos, Barolo e Barbaresco.
De casca espessa, na Itália costuma produzir vinhos escuros, secos, grandiosos, com muita acidez e taninos exuberantes.
Sem ter tido sucesso em outras regiões vinícolas do mundo, a Nebbiolo agora tem uma pequena base na Califórnia, mas os vinhos produzidos lá, até o momento, são leves e simples, não lembrando em nada os italianos.
Aromas e sabores: alcatrão, alcaçuz, violetas, rosas, ameixas secas, bolo de frutas e chocolate amargo.
-Sangiovese
Cultivada em quase toda a região central da Itália, o seu ponto alto concentra-se na Toscana, onde é a única uva que entra na produção do Brunello de Montalcino, além de ser a base, na composição com outras uvas (em geral a Canaiolo e a Mamolo), dos Chianti, Vino Nobile di Montepulciano. A Sangiovese, em associação com a Cabernet Sauvignon, é responsável pela grande maioria dos supertoscanos.
De corpo médio a encorpado, os melhores vinhos produzidos com a Sangiovese são secos, levemente picantes.
Aromas e sabores: cereja, framboesas, especiarias, tabaco, anis ou erva-doce.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sem Reservas - Receita de Cinema



Aromas e sabores do filme Sem Reservas, no qual a deslumbrante Catherine Zeta-Jones enfrenta o calor do fogão.


Enfim surgiu um filme que glorifica a cozinha como célula mater da família, como já provaram todos os que se sentam em torno de fogões e fumaça de frituras. Sem Reservas (refilmagem da comédia alemã Simplesmente Martha) serve-se de uma maneira curiosa e divertida para vender seu peixe e estreitar esses laços, acrescentando algumas pitadas de rancor. A gastronomia cinematográfica é um campo de batalha. Vai da luxúria de A Festa de Babete ao grotesco A Comilança, clássicos da arte de forrar o estômago com intenções dramáticas. O maravilhoso mundo dos chefs estrelados não é bem o que parece ser. Dizem até que eles são tão vaidosos que, na França, desfilam entre as mesas não para saber se os clientes comeram bem, mas para recolher aplausos, pois acham impossível que não tenham ficado satisfeito. Assim é Kate (Catherine Zeta-Jones), nova-iorquina e lindíssima comandante de cozinha que se comove com trufas, lagostas, filets, massas e molhos em geral - e os defende contra fregueses bárbaros que não sabem comer. Acorda às 4h30 da manhã em busca dos melhores peixes, e não hesita em comprar trufas no mercado negro. É tão exigente que sua patroa a manda fazer análise, para que não enlouqueça ou desestruture os comensais. Pois ela atira um naco de carne crua na mesa de um cliente que reclama de um filet que não estaria malpassado, como pedira, gritando que mais malpassado que aquilo só se servisse um boi vivo.

No entanto, um destino cruel muda sua vida e seus temperos. É quando a gastronomia se transforma em pedagogia de boas maneiras à mesa e na vida. Com a morte da irmã, passa a cuidar da sobrinha Zoe (Abigail Breslin), que detesta o que ela faz no fogão. Para azedar as coisas, surge ao lado dos fornos do restaurante um subchef (Aaron Eckhart), que canta ópera enquanto vai jogando coisas nas panelas. Ela o detesta intensamente por ter invadido "sua" cozinha, onde vagabundo não entra, e o faz trabalhar. Kate é rebelde também com seu terapeuta, que freqüenta de má vontade, mas nada se compara em dor à rejeição da sobrinha a suas finíssimas iguarias. Só que a menina acaba aparecendo na cozinha da tia, olhando com cara de fome um tentador prato de spaghetti ao sugo com folhas de manjericão. Nhoc! Ela abocanha a massa do cozinheiro-tenor, para espanto de Kate. Não demora para que Zoe esquarteje nabos e cebolinhas com a destreza de um espadachim-samurai senhor das cozinhas.



É claro que Kate acha que fez tudo errado com a menina e daria um tiramisù, o manjar dos deuses, para que o chef-tenor desista de se mudar para São Francisco e fique dividindo o trivial simples com ela, embora seu terapeuta tema que ele não a suportaria. Contra a rigidez de Kate, o filme serve a doçura do sous-chef e de Abigail e, no final, os três estão tão amolecidos e saborosos como um naco de pudim. Quem dirige o filme é Scott Hicks, nascido em Uganda e naturalizado australiano. Ele fez fama com Shine (Brilhante) e garantiu um Oscar de melhor ator a Geoffrey Rush. Embora cozinha seja coisa séria para os personagens, Hicks tem boa mão para comédia romântica à antiga, como essa. Seus três mosqueteiros de avental são tão unidos que só mesmo uma sólida formação entre frigideiras poderia garantir. Mesmo os chefs que não têm a beleza de Catherine Zeta-Jones sabem disso. Portanto, não se deve destratar um chef ranzinza. Ele tem mais razões que seus temperos ocultam. E solidariedade é um prato que se serve quente.

Publicada na edição 180 (Outubro/2007) da Revista Gula








Codorna ao molho de trufas negras e ravioli de cogumelo



INGREDIENTES (2 porções)

Ravioli de cogumelos
4 cogumelos portobello grandes (de cor marrom, de textura firme e carnuda)
50 ml de óleo de oliva
1 dente de alho (grande) laminado
Flor de sal a gosto

Molho de trufas
200 ml de caldo de carne
20 ml de suco de trufas (use o suco das trufas em conserva)

Codorna
2 codornas inteiras limpas
8 lâminas de trufas negras (use trufas em conserva)
60 ml de óleo de oliva
Flor de sal
Pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Decoração
Ervas aromáticas
Óleo de oliva aromatizado com ervas

PREPARO

Ravioli de cogumelos
Corte os cogumelos de preferência com um mandoline (fatiador manual de vegetais), em oito lâminas finas. Esquente uma frigideira antiaderente, sem gordura, e doure as lâminas dos cogumelos. Pique em brunoise (pequenos cubos) os cogumelos restantes.
Em outra frigideira, aqueça o óleo de oliva e refogue o alho. Acrescente os cogumelos picados, salteie e tempere com a flor de sal. Monte pequenos ravioli, colocando uma lâmina de cogumelo como base, os cogumelos picados como recheio e outra lâmina no topo.

Molho de trufas
Reduza um pouco o caldo de carne com o suco de trufas, em fogo baixo.

Codorna
Tempere as codornas com flor de sal, pimenta-do-reino e introduza quatro lâminas de trufa no interior de cada codorna. Doure as codornas em uma frigideira com o óleo de oliva, depois leve-as ao forno quente (220 ºC), por cerca de 4 a 5 minutos, ou mais, se for necessário.
A carne deve ficar rosada por dentro.

Finalização
Sirva as codornas com o molho de trufas e os ravioli de cogumelos.
Decore os pratos com ervas aromáticas e gotas do óleo de oliva aromatizado.