domingo, 2 de novembro de 2008

“O mesmo vinho que aquece nossos corações, nos embriaga”.

Baco - Leonardo da Vinci


Nada como começar um blog sobre a boa mesa com um bom vinho...
O vinho tem origem na antiguidade, e, como na atualidade, sempre inspirou os homens na sua vida e nos seus amores. O texto que segue é em homenagem aos apreciadores de um bom vinho, antigos e atuais foliões. E para esses adoráveis degustadores, uma breve sinopse dos deuses antigos de nossa bebida...
A festa de Carnaval tem suas origens na Festa de Osíris, que marcava o recuo das águas do Nilo e a fertilidade da primavera. Seria originária também dos festejos que aconteciam na Grécia em homenagem a Dionísio e em Roma com as bacanais saturnais e lupercais, que festejavam os deuses Baco, Saturno e Pã.
Festas como o Carnaval assumem uma variada gama de aspectos do universo dionisíaco. A festa torna-se um território independente, de corpos seminus, música, bebedeira, fantasias, alegria e despreocupação com o amanhã.
O deus grego Dionísio, também chamado de Baco para os romanos, morria a cada colheita: pisando-se as uvas sacrificava-se o deus. O suco era guardado até o fim do inverno, quando então, Dionísio renascia em forma de vinho. Morte e renascimento de um deus, simbolizando a ressurreição da natureza e a fertilidade da terra. O deus era bebido pelos seus adoradores, e, ao penetrar-lhes o corpo efetivamente, propiciava alegria às suas almas.
Dionísio, junto com Apolo, forma a dicotomia mitológica grega dos opostos, emoção e razão. Apolo é um atleta e um cientista. É o belo, puro equilibrado, sábio e defensor da lei e da ordem. Já Dionísio/Baco é passional, tem natureza instintiva, desinibida, entusiástica, criadora e desafiadora. Pouco lembrado é o fato deste não ser apenas o deus do vinho, mas também da fertilidade, da dança, do teatro e da música.
Para o filósofo alemão Nietzche, Dionísio é a própria essência da música. Esta, a mais pura das artes, não tem substância. Suas vibrações são uma sensação física, mas ela é invisível e impalpável. A música não nomeia coisas como a linguagem verbal faz, atravessa assim barreiras defensivas da consciência, toca em pontos profundos da psique. Por isso é capaz de provocar, dionisiacamente, adesões apaixonadas, ou recusas violentas, aparentemente inexplicáveis.
A sabedoria está em ser ao mesmo tempo Apolo e Dionísio, numa assemblage adequada a cada momento, dentro da adversidade de cada ser humano.
Em breve a história detalhada, a verdade nua e crua desses deuses tão "humanos"...
UM BRINDE A TODOS!

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