3- O Clima
Se dermos uma olhada num mapa mundi, poderemos notar que os principais produtores de vinhos de qualidade têm suas regiões vitivinícolas situadas entre os paralelos 30° e 50°, ou seja, regiões de clima semitemperado de tipo mediterrâneo. Isso se explica pelo fato de que as uvas utilizadas na vinificação não se adaptam a temperaturas extremas, ou seja, invernos muito frios e verões muito quentes.
Além disso, para realizar a contento seu ciclo anual, a parreira necessita de temperaturas baixas no inverno que permitam seu repouso e que gradativamente aumentem durante seu ciclo vegetativo, acompanhadas de boa insolação. O ciclo vegetativo da parreira é composto de 3 fases:
a - Hibernação - Ocorre no inverno – de novembro a março, no hemisfério norte, e de maio a agosto, no hemisfério sul –, período em que a planta hiberna. A temperatura fria é bem-vinda, mas sem exageros, não devendo passar dos 15°C negativos.
b - Floração - Ocorre na Primavera – de maio a junho, no hemisfério norte, e de setembro a outubro, no hemisfério sul. Nesse período, a planta tem necessidade de muito sol para que ocorra a maturação dos frutos. Quando ocorrem geadas e ventos fortes no final da Primavera, eles são extremamente nocivos à produção de boas uvas.
c - Frutificação - A frutificação se dá nos meses de agosto e setembro, no hemisfério norte, e dezembro e janeiro, no hemisfério sul, quando o sol e as altas temperaturas são extremamente desejáveis. As chuvas no final da frutificação são temidas porque podem causar o apodrecimento das uvas.
O PLANTIO E A COLHEITA
A qualidade das diversas variedades de cepa é determinada por sua adequação ao solo, pelas condições climáticas e pela escolha certa da enxertia, o que, além de garantir uma boa produção, também aumenta a resistência a pragas em geral. O local ideal para a implantação de um vinhedo são as encostas, que unemo fator insolação com a boa drenagem do solo. As fileiras devem seguir o sentido norte–sul, para proteger as plantas do vento e expor os cachos de uva ao sol "bom" – da manhã e da tarde –, defendendo-os da radiação solar agressiva do meio do dia.
Diferentes sistemas de plantio são utilizados de acordo com a necessidade da cepa em função da topografia, insolação, etc., e se agrupam em três tipos principais:
Árvore: a videira cresce como um arbusto e os cachos se dispõem naturalmente nos galhos. Sistema utilizado em regiões muito quentes ou de pouca umidade.
Latada: os galhos da parreira são conduzidos horizontalmente num pergolado, o que garante alta produtividade e a conseqüente perda de qualidade, já que os cachos ficam pendurados sob uma trama de folhas e ramos, não recebendo a insolação necessária. Atualmente, essa técnica é mais usada para a produção de uvas de mesa.
Espaldeira: arames paralelos fazem a ligação vertical entre os pés de videira plantados em fileiras, o que permite que os cachos recebam luz direta, além de possibilitar a colheita mecânica.
Para a manutenção da qualidade do vinhedo, é necessário que se faça uma poda anual, na época em que a videira está em hibernação, tirando fora os brotos estéreis e ramos secundários para que o mesmo número de ramos e gemas seja mantido. Assim, na época própria, a planta distribuirá a seiva de maneira equilibrada, dirigindo-a principalmente ao fruto. Outras podas podem ser feitas durante o ano para a retirada do excesso de folhas, o que permite maior insolação dos cachos e reduz a umidade, diminuindo o risco de doenças.
Para que o vinho mantenha sua qualidade, é preciso que o parreiral de onde se extraem suas uvas tenha uma idade média ideal. Para tanto, desprezam-se as uvas colhidas nos primeiros quatro ou cinco anos de vida da planta e, ao mesmo tempo, o replantio é programado para que seja feita a substituição das videiras já em decadência. Para se estabelecer o momento certo da colheita é preciso examinar a cepa em questão, as condições do tempo e até onde chegou à maturação da fruta, seja esse ponto intencional ou fortuito.
No hemisfério sul, a colheita vai de janeiro a março, e no hemisfério norte, de setembro a novembro.
CALENDÁRIO DO VITICULTOR *
O viticultor tem trabalho durante todo o ano, distribuído da seguinte maneira:
Janeiro:Poda. Feita no inverno. A planta concentra energia para os novos ramos.
Fevereiro:Finalização da poda. Estaqueamento para os enxertos de raízes.
Março:Aração do terreno visando afofar a terra.
Abril-Maio:Limpeza do terreno. Eliminam-se as ervas daninhas e parasitas. Escolha dos sarmentos a serem preservados e poda dos outros.
Junho:Floração. Deve-se amarrar os sarmentos aos arames e direcioná-los.
Julho-Agosto:Borrifar as videiras com "caldo bordalês". Cortar os brotos longos da videira.
Setembro:Colheita
Outubro:Colheita
Novembro:Aração
Dezembro:Cortar os brotos longos da videira.
Obs. Calendário válido para o Hemisfério Norte
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